Desapego

04:56:00


Cheguei em casa depois de uma noite, confusa... Acho que posso chamar de confusa afinal, foi um tanto boa e um tanto ruim, e como não quero por na balança, bem... prefiro ficar com a confusão... nem boa nem rui apenas confusa, cheguei agora às 07:00 da manhã, e tive que escrever... tive que escrever sobre o que descobri de mim.
Descobri que não, eu não o amo... e não eu não quero nada com ele. Isso é a melhor descoberta dos últimos tempos... porque nem quando eu fui embora sozinha, sem um abraço ou um beijo de despedida eu me entristeci. Nem quando eu chorei eu estava realmente triste. E descobri, que me apeguei a uma ideia que fazia dele, e que ele de verdade, não é nem um terço do que eu gostava de imaginar.
Descobri, que o sexo é ótimo mesmo, que a pele de um incendeia a pele do outro, descobri que existem sensações  que somente ele me faz sentir, mas é só... e é pouco, porque eu sou um monstro devorador de gente e eu preciso de grandes essências para satisfazer meu apetite,  e uma pessoa perdida como ele não pode comigo, com a minha profundidade, a minha imensidão grita por almas maiores que a dele, e mesmo gostando da companhia eu descobri que o que me fazia falta nele, o humor, o carinho, o respeito, o cuidado, tudo o que eu valorizava, desapareceu diante dos dias distantes que o tornaram a pessoa fria e prática que é...
Não que ele seja ruim, longe de mim dizer isso, ruim sou eu que tenho a capacidade de me por a uma prova dessas, mas ainda bem que a descoberta teve um saldo positivo, e com isso me vejo livre de sofrer por um amor naufragado, um amor que existiu há tanto tempo que ninguém se lembra a cara que ele tinha...
Não, ele não é nada ruim... tem lá suas qualidades, e a vontade de ser um bom homem para uma boa mulher, mas se esta mulher não sou eu, não sobra muita coisa pra guardar do amor que achei que sentia. E dessa forma percebo que o amor deixou de existir há tempo, e o que fazia desesperar ao pensar que não seria feliz com outra pessoa, não era amor, era apego...
Apeguei ao que eu gostava nele, e comparei todos os outros pra ver se me bastavam, mas em minha cabeça imatura, somente ele é quem servia, e aí revê-lo depois de tanto tempo com esta ideia fixa, e descobrir tudo isso, putz... foram minutos, horas, de pavor, desespero, perda do chão, do rumo, mas serão dias, meses, anos de desapego, de paz... será uma vida inteira daqui pra frente... será todos os dias depois de hoje... paz, paz, paz, paz, ...
Quero que o eco perdure ainda por centenas de meses e que eu nunca mais deixe uma ilusão tomar o lugar da realidade e me levar a paz... aquilo que me leva a paz não merece meu desconsolo, afinal... quem merece realmente é quem jamais permitiria que eu me entristecesse.
Se pudermos salvar uma amizade, seria perfeito, afinal não sou do tipo que descarta pessoas, o que estou descartando aqui não é ele, é o que ele não pode me oferecer, é a ilusão, o platonismo.  Estou abrindo mão da pena que tinha de mim mesma por não tê-lo e encarando que no futuro, e não muito distante, eu seria muito maior que ele... e isso nunca daria certo.

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